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terça-feira, 27 de abril de 2010

So won't you kill me, so I die happy...

[Inspirada no estilo do Caio Fernando Abreu de escrever...]

Eu tenho ido dormir apenas quando os olhos não aguentam mais o peso do dia, e acordado com o som estridente do meu despertador, enquanto nem tive tempo de sonhar.
Existe algo dentro de mim que de tão incomodo não tem me deixado dormir, mas me deixa exausta.
É difícil descrever.
Quando se bate o dedinho no pé na quina da cama em dia frio, há um incomodo digno de todos os palavrões existentes, em língua pátria e estrangeira.
Quando se perde alguém, de tragédia ou por natureza, há aquele incomodo de só passa depois de chorar de secar a alma, porque, afinal, o resto da vida em saudade é algo digno de lágrimas intermináveis e soluços magoados.
Em ambos, há dor de presença, ou seja, há um motivo para doer.
E as dores de presença são sempre boas quando acabam, porque vão aos poucos diminuindo e sendo sintetizadas nos sons e na rotina.

Mas o que eu faço com a dor de ausência?
Felizmente, ela não uma dor aguda, é crônica.
Vã felicidade... por ser crônica, sempre volta, normalmente a noite e nos dias de chuva, ainda mais se for domingo, para lembrar que em algum lugar ali no peito, não perto do coração, mas um pouco abaixo das costelas, entre o estômago e os pulmões, há uma coisa chamada vazio.
Paradoxalmente, o vazio costuma ser profundo e forte.
E mais ainda, apesar de vazio, costuma transbordar em meus olhos, quando escuto uma música, quando vejo uma cena ou quando de surpresa aparece uma frase ou duas, dessas que fazem tanto sentido que deveriam ser ensinadas desde a mais tenra idade.
Mais uma ilusão.
Ninguém ensina nada realmente util para vida.

As coisas uteis e significativas só se aprende na raça, só vivendo.

E isso me lembra que viver e existir são coisas tão distintas.
E me lembra que eu deveria parar de ser teimosa, e em alguns casos simplesmente me contentar com a mediocridade da mera existência.
Devo? Sim.
Consigo? Of course not, com o mais puro british accent.

Fico pensando quanto vale esse vazio, quanto vale tudo isso.
Quem se importa se foi bom demais um dia, se tem que ser tão amargo agora.
Se era para ser assim, melhor que não tivesse existido.
Melhor que tivesse partido enquanto era tempo, enquanto não haviam portas e janelas e uma cama confortável e um pouco de calor humano.
E fico aqui, com meu vazio, que me consome enquanto parasita tacitamente a coragem e a vontade, mas que pelo menos me faz lembrar que não é verdade, que não pode ser verdade.
Porque se houver uma gota de verdade no mar de palavras vazias, sempre haverá uma chave para porta, uma janela esquecida aberta, lençóis limpos e quentes e uma pitada de saudades.

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