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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Narrativa de minha alegria fugida sobre nós duas.





Dela:
Outro dia eu tive que andar de trem, coisa que sempre me agradou.
Gosto da sensação de poder observar o mundo, as pessoas, a paisagem tão igual que sempre tem uma novidade.


Mas na volta acabei chegando justamente no horário de pico, e tive que aguardar que sete trens lotados passassem para que finalmente pudesse entrar em um um pouco menos lotado.


Acabei ficando em pé por quase uma hora, encostada em uma grade sentindo o vento frio, vendo o céu escurecer e pensando em um pouco de tudo que acontecerá nos últimos meses.
Não sei se foi o frio ou o exercício de paciência, ou os dois em conjunto, mas foi o momento em que a anestesia começou a passar.


Parada ali, vendo pessoas, tantas se espremendo para tentar entrar em um espaço tão pequeno, comecei a pensar em coragem.
E que às vezes, por mais coragem que se tenha, é preciso parar um pouco e esperar, questão de momento.


Nosso:
E foi tão bom parar e esperar, tanto na vida quanto o trem.


Eu vivia com tanta pressa, eu queria tantas coisas, queria que tudo desse certo, queria mudar o mundo... eu empurrava pessoas para conseguir entrar na composição e ficava lá, espremida, sem ar, sem espaço... até que um dia, em um esbarrão, levaram não só meu relógio, mas minha coragem e minha vontade. 
E chegou um momento em que eu me vi tão pequena perante o mundo, tão incapaz de mudar qualquer coisa, no meio de tanta gente em um estilo de uma indescritível solidão em meio a tantas pessoas, que resolvi sentar na plataforma da vida e ficar de olhos fechados, apenas ouvindo o som dos trens e das pessoas.
E além de barulho, de motor e vozes, em momentos tranquilos eu pude escutar minha própria respiração, realmente pude prestar atenção nas letras das músicas que ecoavam de meu iPod.
E então eu abri os olhos com calma quando senti as primeiras gotas de chuva, mas ao fundo havia um céu muito bonito.
Mas eu ainda sentia frio e ainda estava cansada.


Meu:
Ela teve que se despedir dele, de um jeito que foi bem mais devastador que o calculado. 
Foi dormir porque tinha prova, mas eu senti que ela precisava de um tempo só dela, e sai em busca de algo para remediar aquela ferida.


Passei a voltar a essa estação todos os dias;
Às vezes eu cantava alto, outras eu apenas observava, lia, escutava, esperava.


Então comecei a correr contra o fluxo de pessoas, trombei em algumas, desviei de outras, pulei uma catraca e troquei de plataforma.
Não poderia seguir viagem com tantas coisas para trás.
Entrei no trem e segui até o final da linha, desci na estação, subi as escadas rolantes, empolgada e medrosa, quase derrubei uma senhorinha que passava.
Visitei pessoas. Paguei promessas. Comprei uma rosa. Cortei meus cabelos. Comi um bolo de chocolate. Fiz uma oração. Assisti filmes que há tempos queria. Li livros como há tempos não fazia. Chorei quando deu vontade e dormi até passar a vontade.
A cada um que reencontrava, ganhava uma metadezinha do que um dia eu oferecerá. 
Como quase sempre ofereci coisas boas, voltaram tantas coisas boas.
E para aqueles que em primeiro momento não havia oferecido algo realmente útil e interessante, peguei destas metadezinhas e reparti novamente, dando e recebendo em troca.
Conheci pessoas, tem coisa mais fantástica que conhecer pessoas?
Descartei o que não era bom. 
Dancei até o chão.
Perdi a hora, perdi o sono, perdi o juízo, perdi o apetite. 
O primeiro e o último eu recuperei, o segundo e o terceiro deixei por aí... afinal, é sempre bom equilibrar muito sono e pouco juízo.


Mas ainda faltava alguma coisa.
Eu precisava voltar.


Entrei no metro, depois peguei o trem na Estação da Luz.
Esperei um tempo, estava bem lotado.


E quando o trem parou na Estação Tamanduateí, encontrei uma velha conhecida.
Ela estava com uma bolsa marrom, cabelos soltos e uma blusa quentinha e aparentemente com um certo frio, apesar da blusa. 
Ela olhou para mim e sorriu. E eu não pude negar o quanto o sorriso em meus lábios foi verdadeiro.
Era quem faltava, eu mesma, a outra metade minha que ficou em casa enquanto eu andava nesses três meses.


Fomos conversando.
Eu tirei da bolsa alegria, ela me entregou coragem, demorou pra encontrar, mas logo comprou duas doses.
Contou-me a monotonia de viver sem mim, seu lado alegre.
E eu contei como foi minha viagem em busca de mim, ou melhor, de nós, ou que seja, do conjunto.
Ela ficou bastante surpresa ao ver as fotos... e só ai se deu conta que eu a observei de longe, e que em tantas fotos ela sorria, mesmo sem perceber.
Eis que contei pra ela que no fundo nunca nos separamos, que sem perceber quem fez toda essa viagem foi ela mesma - nós mesmas - e que eu só tive que pegar o trem para que ela se dessa conta, para que eu pudesse tirar essas fotos.


Ela sorriu, surpreendente como sempre e me abraçou e disse:
- "Nossa, então é tudo isso? - e com um tom de humor - "Eu vou sobreviver, doutora?"
Gargalhou, como há tempos não fazia.


Incrível como ela fez direito a parte dela e cultivou coisas boas em meio ao silêncio que optou por estar enquanto eu não voltava.


Dela: 
Voltamos para casa, eu e ela, sempre juntas, mas ainda não uma só.
Senti tanta falta dela, estava realmente falta desta minha parte desaparecida. 
Antes de dormir ela fazia questão de lembrar cada coisa boa, até que uma hora eu chorei... poucas lágrimas.
Queria ela para mim, afinal, ela era minha parte feliz.


Dormi, acordei e surpreendentemente depois poucas horas depois do almoço algo mágico aconteceu: sem querer, virei e tropecei no pé do meu tio.
Ah, foi uma queda preocupante para ele, afinal, ele podia jurar que eu havia de quebrar ao menos um dedo, tamanho o barulho.
Mal sabia ele que eu cai em cima da de mim mesma, eu voltei a ser uma só!


E ai acabou a anestesia, o vazio, as saudades.


E deu uma imensa vontade de continuar, exatamente de onde havia parado.





sábado, 29 de maio de 2010

...

Engraçado, sempre achei a possibilidade de encontrar alguém do passado e ficar conversando sobre como as coisas não foram, sobre como as coisas estão, sobre o que se sentia mas nunca se falou, entre outras coisas, algo que todo mundo passa na vida um dia.

Mas sempre imaginei que isso aconteceria daqui muitos e muitos anos.
Talvez naquele portal mágico que vem direto do túnel do tempo, vulgo corredor do supermercado, onde todas as pessoas um dia reencontram outras pessoas.
Seria aquela cena:
Distraídos, olharíamos de relance um para o outro e depois de mais uns quinze segundos olharíamos com mais atenção. Um olhar de dúvida. Olhos nos olhos. Certeza.
Você com certeza abriria um enorme sorriso, porque, como agora eu sei, te causo boas lembranças.
Eu ficaria sem jeito, porque como você agora sabe, você me lembrar uma época que eu desejo apagar.
Conversaríamos, mas não muito. Conversas de reencontro em corredores de supermercado não duram mais do que quinze minutos, o assunto trava e acaba.
E seguiríamos nossas vidas.

Obviamente não foi nada disso que aconteceu.
Um dia você reapareceu, me adicionou no msn - te adicionei a contragosto, admito - e você sempre vinha conversar.
Me venceu pelo cansaço, comecei a conversar com você e desde então é como se todos os dias eu voltasse para a metade da década e visse, ao mesmo tempo que te mostro, tudo sob a perspectiva semelhante ao que os fantasmas fazem com o velho Scrooge.
Acho que sou seu fantasma do Natal passado...

E isso me dá uma certa tristeza.
Na verdade, às vezes isso quase me faz chorar... de decepção e raiva.
Mas tem sido bastante terapêutico, isso não posso negar, afinal, falar de coisas que há cinco anos eu evitava de citar tem sido... [não encontrei uma palavra para descrever].

Para você eu sempre serei uma lembrança boa, eu iluminei a sua vida. Isso é culpa daquele meu velho hábito de ser surpreendente, vide exemplo dado por você mesmo ontem... pois é, não é exclusividade sua, as pessoas acham isso fantástico, sempre me falam como eu fui ímpar em suas vidas... só queria entender porque demoram tanto para se dar conta disso... ou porque mesmo quando se dão conta disso a tempo, deixam a oportunidade passar.

Mas infelizmente, tanto você quanto as pessoas supramencionadas, são sempre tão egoístas.... e um dia quando sentem falta de qualquer coisa minha que lhes tenha dado uma alegria, retornam, como se a vida fosse um filme e se apertasse a 'pausa'.
Estranham minha frieza e silêncio, até que eu me sinto no dever de explicar o porque... e então eu conto que as coisas não eram fáceis, mas que o lado bom é que em geral, só me restavam uns poucos e bons amigos de verdade, que faziam o momento valer a pena.
Acho que nesses momentos eu acabo usando de outro velho hábito, não tão virtuoso quanto ser surpreendente, e uso habilidosamente as palavras para expressar de coração todo o real sentimento. Vocês lêem. E como se eu tivesse revelado um grande verdade escondida - que na verdade era algo tão claro quanto a luz nos olhos - entendem. Fica um silêncio. 
Eu adoro esse silêncio, em silêncio vocês pensam... e odeio quando esse silêncio cessa, porque vocês tentam se explicar.

E transbordam palavras enquanto eu leio calada.
E aí eu descubro - sinceramente, preferiria não descobrir - que foi por um motivo tão besta que as coisas tomaram o rumo tomado.
Então, mais uma vez, eu constato que não fui eu quem errou, que o que quer que eu houvesse feito, tudo completamente diferente ou exatamente igual, o resultado seria o mesmo, porque você - igualzinho àquelas pessoas - foi (é) covarde e egoísta.

Ah sim, depois disse se desculpam... e eu aceito as desculpas, pois sinto que ter usado as palavras para expressar a minha dor já foi uma tortura de consciência mais do que suficiente.
E como egoísta que bem é, segue sua vida se sentido feliz novamente.
E eu volto a cuidar das feridas que eu havia esquecido que existiam, mas que ainda estão lá.

Preferia ter encontrado você no supermercado...


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eu estava aqui o tempo todo só você não viu...

E depois de tudo, eu pude perceber que eu não havia perdido nada, afinal de contas.


Eu encontrei em mim coisas até então desconhecidas, como a minha capacidade de realmente amar outras pessoas, como a força de respeitar minha fraqueza, como eu eventualmente passei a aproveitar - e respeitar muito - meus momentos de solidão.


Eu passei meses procurando em você algo que sempre esteve dentro de mim.
E onde exatamente esteve você nesses meses?
Ah sim, foi havia sumido, como habitualmente fazia.


Até que um dia eu falei tudo que precisava.
Obviamente, não ouvi nem metade do que eu esperava.
Então eu chorei, eu esperei, eu mantinha dentro do meu coração uma estranha esperança que um dia que abrisse minha página de recados e me deparasse com algum recado seu ou que você telefonasse inesperadamente no final da quarta aula ou... que milagrosamente eu te encontrasse em qualquer lugar.
Nada disso aconteceu.


Mas enquanto eu te esperava em vão, comecei a ficar mais quieta, mais pensativa... e isso de vez em quando faz muito bem.
Comecei a ficar mais em casa e experimentar aquela sensação que há meses eu não apreciava: dormir cedo, assistir um filme bom no sábado a noite, ler um livro.
Ouvi músicas diversas, escrevi, coloquei meu sono em dia, assisti o campeonato paulista aos domingos, experimentei a sensação de um quase acidente de carro, notas altas e baixas, frio, perdão... e renovação.


E em cada lágrima, palavra ou reflexão, mais distante de você eu ficava, menos eu precisava.
E fui reencontrando o humor em cada canção desafinada - nunca fui boa cantora-, em cada 
texto que escrevia, em filmes, em mim... em mim mesma? SIM.


Ai eu lembrei que antes de você, muito antes mesmo, eu já era capaz de dar cor a vida das pessoas.
Se eu fui capaz de iluminar a vida de uma pessoa que não podia mais ver com os olhos físicos, quando mais de uma pessoa que tinha olhos bem saudáveis. 
Engraçado, você deu sentido, total ao ditado "o pior cego é o que não quer ver".  
Só você não quis ver o quanto eu gostava de você, me surpreende você ter se surpreendido com as minhas palavras.
Nunca foi segredo... e você nunca olhou de verdade para o que se passava.
Você sequer se importava, talvez por ter a certeza de que eu sempre voltaria, assim que você precisasse.


Mas eu me importei, eu me dediquei e não me arrependo.
Pode parece o maior clichê, mas quando a gente cultiva coisas boas, se sente bem.


Hoje tudo isso passou, eu não tenho mais medo de perder.
Posso afirmar com todas as letras: você não me dói mais, porque sua ausência ou presença já não influenciam.
Guarde com você as palavras de carinho que um dia eu falei, elas representaram perfeitamente um sentimento verdadeiro.


Mas é que hoje eu me dei conta que preciso iluminar outras vidas, dar cores à outras existências e para isso eu preciso de cores também.
E não posso dedicar todos os tons da aquarela de minha vida em uma pessoa que ao menos sabe desenhar e de tão ocupada que está perdendo sua existência em tons cinzas.


Eu preciso ser feliz não para você parar de dizer que o que escrevo é triste, mas para que eu posso restringir tal tristeza apenas aos momentos pertinentes e não sempre.
E tudo que eu jurava que era você que causava, na verdade era tudo o que sou, com ou sem você, apesar de você.
A menina encantadora, intensa e surpreendente sempre foi ela mesma, sempre esteve aqui e sempre estará, por mais altos e baixos que aconteçam. 
A diferença é que ela não estará mais aqui para você.






"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. " [Caio Fernando Abreu]

terça-feira, 18 de maio de 2010

Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades

E o que mais ela poderia fazer?
Não era o caso de desistir, mas de ter maturidade o suficiente para se conformar, fechar os olhos e seguir em frente.

Por ser tão ligada à liberdade, não queria prender ninguém a ela.
E sabia que felicidade não se alcança por obrigação, ao mesmo tempo que seria incapaz de ser feliz na proporção que se achava merecedora.

Não havia mais muito a ser feito.
Colocou seu casaco, abriu seu guarda-chuva e se despediu com o olhar... entrou em um táxi e por mais que tivesse vontade de pedir ao motorista que dirigisse até a fronteira do estado, pediu que a levasse até sua casa.

Entrou, falou qualquer palavra doce para o gato que estava sobre o sofá.
Tirou o casaco molhado e o sapato de salto.
Sentou-se perto do gato, apoiou algumas almofadas de maneira confortável e ligou a televisão com o controle que estava próximo.
Olhava fixamente para a televisão enquanto o âncora falava sobre mais um atentado terrorista ou qualquer coisa do tipo. Veio a previsão do tempo, a chuva continuaria por mais dois ou três dias. Notícias sobre o dólar. Uma notícia sobre o reencontro de um bebê perdido. "Boa Noite".
Apertou o botão azul e automaticamente a tv foi para modo rádio.

O som era familiar, uma música da Marisa Monte que em certo trecho se intercalava com um trecho de Eça de Queiróz: 

"... tinha suspirado,
e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,
onde cada hora tinha o seu encanto diferente,
cada passo condizia a um êxtase,
e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"

Olhou para o lado e deu aquele sorriso singelo, no canto esquerdo da boca, daqueles que só é capaz de existir quando ela encontra certa graça na desgraça.
Depois disso, o que mais poderia fazer além de viver e procurar pela felicidade em outros portos, em outros olhos e braços?
Adormeceu com uma serenidade...


segunda-feira, 17 de maio de 2010

No hero in her sky

And what I am supposed to do when after all I just survive but I sometimes I almost cry?


Sometimes I look for the days that passed by and in my mind I asked ''If were the best decision, why things aren´t good? 
Sorry, perhaps I was been so negative. 
All the things are good and fine and go positive, but good is not enough.






Like the music:
"And so it is just like you said it would be/
Lifes goes easy on me most of the time/


And so it is the shorter story/
No love, no glory, no hero in her sky...
.
.
.

Pequena Lua

Eu ri de lembrar nosso lema "amei intensamente por dois dias, mas amei!"


Ah menina, você é de lua mesmo.
Depois eu que sou a indecisa... mas ai que está a sua graça!


Não tenha medo de arriscar, ai que está a graça de vida.
E se der errado, nós te animaremos... você gosta de chocolate, então nada que quatro ou cinco barras não resolvam.
E se realmente for só uma alucinação, aproveite enquanto o mundo gira loucamente sem tirar os pés do chão, enquanto o coração bate forte e o sorriso vem fácil.
Se depois vierem lágrimas, você ainda pode contar com um ombro amigo, um lápis de olho do boticário a prova d'água para retocar a maquiagem e em último caso, alugue um desenho do mickey...


Arrisque porque se der certo, você saiu no lucro, você foi feliz, você tem mais uma história para contar para os seus netos...


Segue o nosso lema, ele nunca falhou... 
E fique tranquila, você sempre pode culpar seu hipopótamo!

Esconderijo


Nesse quarto escuro
Existe um menino assustado
Ele é sozinho
E teme que o mundo encontre o seu cantinho
Entrega ele pra cuidar
Eu sei guardar segredo
Eu sei amar
Não conto pra ninguém
Que esse menino é alguém
De barba e gravata e que esse quarto escuro é sua alma...

domingo, 16 de maio de 2010

She listens like spring and she talks like june

Depois de várias postagens curtas, algumas em resposta a outros posts, outra com músicas, hora da velha verborragia.



Ah, eu ando pela rua e vejo as árvores quase sem folhas e no chão tantas folhas amareladas.
E há mais de uma semana esse tempo friozinho.

Tantas coisas mudaram nesse último mês.
Eu experimentei um gosto amargo de café não adoçado e depois o gosto solitário do café gelado do dia anterior.
Mas experimentei o gosto doce do perdão.
Eu sempre soube, como mais ou menos tempo, perdoar os outros, mas há anos não concedia essa dádiva a mim mesma.

Então ao todo experimentei dois tipos de vazio: o da ausência de uma pessoa que tanto eu gostei, esse incomoda profundamente, e o da ausência de culpa, que chama atenção pelo espaço aberto tão reconfortante.

Foi um mês esquisito, continuação de outros meses já esquisitos: eu perdi tantas outras pessoas tão rápido, por mortes, por empregos, por mudanças físicas, por mudanças ideológicas, psicológicas...
E todas elas, cada uma a sua maneira, me afetaram de maneiras ímpares, mas por incrível que pareça, perder foi positivo.
Eu cresci tanto com tudo isso...  mesmo que não esteja sendo fácil.

Não é fácil porque várias delas eu tive a opção de não perder.
Eu pude ficar calada, mas resolvi falar.
Eu podia simplesmente não concordar e ponto, mas optei também me afastar.
Eu podia não ter arriscado, mas quis arriscar.

Não me arrependo.
Nada disso me deixaria mais triste do que se tivesse ficado calada, aceitando atitudes que discordo e no conforto covarde da segurança.
Seria mais coerente, mas juro, coerência nunca foi minha virtude... 

sábado, 15 de maio de 2010

Giving up the gun

Acho que toda a situação se resume aos níveis de oxitocina... a culpa não é minha, a culpa é do meu hipotalamo!
Ah, isso com certeza explica muita coisa.





Juro que quase escrevi "hipopótamo" no lugar de hipotalamo.

Eu ri de imaginar ter um hipopótamo e colocar a culpa nele.
Se tivesse um (hipopótamo) acho que transformaria meu hipopótamo em meu bode... expiatório!



"Seguinte fulano, não leva nada do que eu falei naquele dia a sério... fui coagida pelo meu hipopótamo! Sabe como é né, é até difícil de falar... ele era meio viciado em oxitocina e serotonina e deixava cair um pouco no meu suco sempre que você aparecia.
Quando percebeu a besteira que fez, resolveu parar e se tratar e você sabe, serotonina baixa dá uma tristezinha... mas é tudo culpa do meu hipopótamo!"

Durkheim & Loneliness

"A fadiga, finalmente, basta por si só, para produzir o desencanto, porque é difícil deixar de sentir, com o tempo, a inutilidade de uma perseguição sem fim".


É meu bem, quando até os textos de leitura obrigatória começam a fornecer boas explicações  para o que você insiste em não aceitar, algo está realmente errado...


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vida louca vida, vida breve, já que eu não posso te levar, espero que você me leve...





Creio que seja uma questão um pouco além da vaidade.
A vaidade quer, mas se fosse só ela... é tão fácil arrumar outras vaidades.
O problema é querer cantar junto "exagerado", se contentar em cantar sozinho "o nosso amor a gente inventa" e ter que ouvir "faz parte do meu show"...

No final você fica sozinha, cantando para ouvir a própria voz no 'codinome beija-flor'...afinal, já cantou tantas vezes "eu preciso dizer que te amo" e vai se contentando com um "pro dia nascer feliz" com qualquer outra pessoa...

Você também canta a plenos pulmões "maior abandonado", afinal, mentiras sinceras te interessam.



E vai vivendo assim, desejando falar aquele trecho de "bete balanço" sobre o futuro, mas simplesmente se cala, não é capaz de desejar coisas ruins...


Vai vivendo com uma garotinha, na mais pura "malandragem", pois é poeta e não aprendeu a amar...


E com uma esperança resignada, espera todas as manhãs por "todo amor que houver nessa vida"...



Estrela



Há de surgir
Uma estrela no céu
Cada vez que ocê sorrir

Há de apagar
Um estrela no céu
Cada vez que ocê chorar

O contrário também
Bem que pode acontecer
De uma estrela brilhar
Quando a lágrima cair
Ou então de uma estrela cadente se jogar
Só pra ver
A flor do seu sorriso se abrir

Cause it's you and me and all of the people...

Tardes frias combinam com MPB, assim como as noites combinam com Damien Rice.
Eu gosto da cor que reflete o guaraná no copo rosa da coca-cola.


Eu gosto do seu abraço breve e do seu cheiro.


Não gosto do silêncio, principalmente quando ele fala por você.




Não quero que você vá.

Não quero que você volte.

Eu sorrio cada vez que te vejo, ver você me dá vontade de sorrir, um misto de gratidão e admiração.

Por não ter desistido, por querer me salvar.
Eu não demonstro muito, mas às vezes eu desejo com toda a minha força que alguém me salve das minhas plenas convicções fundamentalistas.


Eu te contei que ele não é o amor da sua vida, que na sua vida você ainda terá outros amores.
Você olhou incrédula, mas quando você tiver vinte anos eu aposto que vai concordar.



E ontem, foi tão bom conversar com você e abraçá-la forte.
Você quase-quase me perdeu na véspera do dia das mães e eu quase-quase te perdi ontem.
Você tem razão, Ele existe... será que podemos nos comportar como duas mocinhas crescidas e evitar situações assim? 



Com toda liberdade de uma comparação à distância, principalmente não dos atos, mas de personalidades, mas você é tão vicky, eu tão cristina, mas cadê barcelona?



Eu já disse tantas vezes a você como você anda fazendo falta, mas você está por ai, em um balão, voando e voando, talvez bem longe, talvez no México.

...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Behind blue eyes

Confesso: adoro conversar com você, mas isso me assusta.

E falar com você sobre como o tempo passa, como as coisas mudam, como o mundo deu voltas, como poderiam ser as coisas.
Conversar sobre as coisas não ditas, lembrar certas graças, outros gostos.

Me fez bem saber que para você eu era importante e ainda sou especial.
Não que mude muita coisa, mas depois de certo tempo, começa a ter um sentido.
Parece que seus atos há quase meia década são capazes de dar um certo conforto para uma situação atual... como se você tivesse voltado para uma participação especial, para entregar um caderninho com respostas das minhas atuais perguntas.

[[Engraçado é que tudo o que eu pensei na ultima frase meu professor acabou de falar: o que parece uma loucura, analisado a fundo tem uma razão]].




Mas o tempo - aquele mesmo sobre o qual conversamos ontem - não volta, a vida não muda mais e não podemos voltar a ser quem éramos, tirar todas as marcas, dores e amores que a vida tatuou em nossas peles.


Você afirma que tudo seria melhor se tivesse sido diferente.
Não sei se melhor, mas diferente.
Outro dia conversei sobre perdão e consciência com meu tio, e por mais que se conceda perdão ao ato, não se alteram as consequências.

Hoje volta aos poucos ser o que sempre foi... aquele bom amigo que nunca deveria ter deixado de ser.

Mas é sempre bom seguir o velho pensamento...






domingo, 9 de maio de 2010

Da Gratidão


Ah sim, meu mundo girou muito ontem.
Duas voltas.

Parando para pensar agora, quase 24h depois, eu sinto uma certa gratidão.
Gratidão pelo carro ter parado de girar na segunda volta, gratidão por ninguém ter se machucado e por naquele instante só haverem dois carros na pista.

Engraçado, na hora não deu tempo de sentir medo.
A sensação era outra, um misto de dúvida e de tranquilidade.

De onde me veio tranquilidade eu juro que não sei.
E para onde ela foi depois que o carro parou eu também não tenho certeza, porque nunca tremi tanto na minha vida.

Mas passou... e eu fico grata!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Butterfly Effect... ou algo do tipo...

O bom de faltar na faculdade é poder dormir até o sono acabar, e não ser compulsoriamente acordada por um despertador. Na verdade, esse é um dos motivos do sábado ser meu dia preferido.

O bom de dormir até o sono acabar é que tudo parece render mais, até mesmo os devaneios e a inspiração para escrever.

E o bom de ter mais inspiração... é que isso no fundo nem é tão bom, porque é inspiração demais para poucas linhas e palavras.
E pode perguntar para qualquer escritor ou músico, quando dá vontade de escrever, só escrevendo muito, até secar a alma de todas as palavras que nela habitam, para poder sentir-se leve como uma pluma.

Das coisa aleatórias:
     Ao meu lado há uma xícara preta, com dois pires, um menor e intermediário, branco com bolinhas pretas e um maior, preto.
Minhas unhas estão vermelhas. A vidro do meu perfume tem um detalhe em relevo, da mesma cor.
Meu sabonete líquido é pink.
Estou pensando ainda se mudo a cor do meu cabelo amanhã.

Não importa quais sejam, as cores estão voltando.
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     A minha pequena mostrou que tem um gosto particular comum aos meus gostos mais ímpares: a fotografia.
Ela ganhou um celular usado com uma super câmera e tem tirado foto de tudo.
Bom, quando eu tinha a idade dela não havia máquina digital, quanto mais celular com câmera. 
Como boa pessoa curiosa e metida a fotografa que sempre fui, eu, no supra sumo da cara de pau, escalava o armário do quarto da minha vó (outra habilidade, escaladora de armários, pena que cresci e não posso mais coloca-la em prática) e pegava a máquina com um filme kodak para 36 fotos e corria para o quintal... cachorro na rua, flor, urubu no céu, rua... cada vez era uma foto mais atípica.
Como só descobriam quando mandavam revelar o filme, eu só levava bronca quando já havia esquecido até da foto.

Hoje é mais fácil, mas não menos prazeroso fotografar.
Eu particularmente gosto das fotos tiradas a noite, efeitos especiais saltam naturalmente na imagem. 
Mas também gosto das imagens cotidianas urbanas.
E fotos do mar... uma paixão a parte.



Tem coisa mais linda do que a possibilidade de vencer as noções de tempo e espaço e paralisar um instante em forma de imagem?

Espero que ela também tome o gosto pela escrita.
É sempre bom, ao mesmo tempo engraçado, ver em outro ser humano - mas especificamente em um com que se vive uma relação de amor e ódio pela diferença de idade e pela "distante" semelhança de humor - coisas que são tão suas, mas que ainda assim são tão ímpares em cada um.

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     "Se eu soubesse antes o que sei agora, erraria exatamente igual" Engenheiros do Hawaii
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     Ratattouile
Não o prato francês, o desenho da Disney mesmo.
Acredita que é um dos filmes que me emociona no final?
Metaforicamente, está na hora de eu experimentar novos pratos, feitos por ratos. [ecat e ao mesmo tempo, ouuuun *-*].
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Depois de tanto escrever e nada dizer, hora de voltar ao mundo, e esperar... por algo sem nome, que talvez tenha apelido de futuro...



Imagem encontrada no blog http://tiarasquemamaeodeia.wordpress.com
Alias, excelente blog, vale a pena ler!

Pequenices


- Um benzodiazepínico, por favor.
- Oi?!
- Não se faça de desentendida, você sabe que não bebo, então não tenho a opção de afogar minhas magoas como qualquer ser humano, porque o álcool me queima a garganta, e não acho de bom tom maltratar minhas cordas vocais.
- Que tal ver televisão? Está passando novela...
- Relaxa mãe, era brincadeira... se bem que eu nunca neguei que se fosse pra me viciar em alguma coisa, seria em alguma coisa que me fizesse dormir muito.
- ¬¬ ... que tal melhorar as músicas do seu computador, andam meio tristes e melancólicas demais...
- Ah mãe, são músicas de banda britânicas ou canadenses... ingleses e canadenses não são muito felizes...
- Então escute um samba...
- ...
- Sério, não aguento mais essas músicas.
- Ok, vou colocar uma animada...
- Se eu pudesse tirar férias, ficaria mais com você e com o duque, estão muito carentes... deve ser 'mamaezite aguda'. Mas eu não posso tirar férias.
- E se você fizer um dia de 'leve seu filho ao trabalho?'


- Pouco espaço...
- Me dá colo?
- Fala sério, você nem está doente, só quer colo de mãe...
- Um pouco de cada...
- Lembra do 'carinho de mãe'? Eu sempre achei que um dia você ia falar 'mãe, mas isso é água boricada'!
- Ah, eu nunca desconfiei... alias, o que você espera de uma pessoa que acha que o euclides e a silvia são de verdade?
- Te amo, puppy.
- I love you, mamy!

Um abraço gostoso com carinho de mãe...
Espero que algum dia eu também possa proporcionar a alguém esse sentimento que só você é capaz de garantir...


sábado, 1 de maio de 2010

With Nothing to do, nothing to lose...

Semana difícil de definir.

Foi boa.
Foi calma.
Foi chata, mas no final valeu a pena.

Eu refiz minha playlist, e agora há, novamente e com destaque, jack johnson.
Há uma do muse, algumas do daniel powter e dashboard confessional.
Não sei porque ainda não coloquei nando reis... entre outras.

Mudei de condicionador, não por opção, por falta dela e de tempo de ir comprar meu Ox azul...
Voltei a usar o que usava antes, um que ficou esquecido no fundo do armário...

Voltei ao bom e velho esmalte vermelho.

Percebeu? Um movimento retrógrado sem pretensão...
Caminhando contra a trajetória, voltando para o que eu era, o que sou...
Não que eu não seja também todas as outras músicas e outras partes e outros sorrisos e lágrimas e dúvidas entre certezas, mas é sempre bom ter para onde voltar, ainda que esse lugar seja dentro de mim.
Sempre bom poder fechar os olhos, colocar os fones e esquecer do mundo, encontrar algo bom e vencer o aquele vazio, aquele, do post abaixo.


Claro, muito do que eu sou é uma mistura do que eu era originalmente e do que você me ensinou...
E eu gosto de quem eu me tornei aprendendo, tanto gosto que disso não me desfaço.
Mas ainda não me sinto completamente confortável com o que possa ter ensinado.
Nunca achei muito justo, comparando tanto com tão pouco.
Mas não faço menção à quantidades, mas a troca, e eu ainda poderia te oferecer tanto, mesmo que tivesse que me conformar com seu habitual tão pouco.
But you just don't care! 

E se eu te contar, que tudo que eu sempre quis dizer eu já disse, e tudo que eu sempre quis mostrar eu já mostrei, e tudo que eu podia fazer eu já fiz?
E se eu te contar que você errou, faria alguma diferença?
Se eu deixar claro que a cada dia que o vazio diminui, mais distante tudo isso vai ficando, e que no final, quando ele finalmente cessar, não haverá mais espaço para você?
E que eu tenho total consciência disto e talvez você subestime minhas mudanças e minha convicção perante elas.
Será que você sabe que quando se fecha uma porta aleatoriamente há sempre a chance de que esta novamente seja aberta, mas que dar uma chave em minhas mãos para que eu tranque uma porta por um tempo é apenas a certeza de que eu contra a minha vontade a trancarei, porque respeito sua vontade... e deixarei a chave em cima de uma mesa ou dentro de uma gaveta, e nos primeiros dias cuidarei dela como um tesouro, mas conforme ela for deixando de ser um tesouro vai ser cada vez mais um objeto qualquer, vai ficando esquecida... até que numa manhã qualquer eu não lembre ao certo o porque da chave e a jogue no lixo com uns papéis amassados e uns recortes de jornal, e ai... para sempre uma porta trancada.

Fazer o que?
Infelizmente não controlo o vazio... mas descobri, em um pensamento aleatório de fim de tarde, que ele não nasceu do nada, ele sempre esteve ali... mas antes ele era todas as coisas boas que eu nutri por você, mas só tinham sentido porque eu ligava tais coisas à você.
Ele só é tão avassalador porque tudo que eu sentia - e tudo que você me fez sentir - era assim tão... avassalador.
E quando não há mais você em cena, fica o espaço.
Já mudou alguma vez os móveis de lugar? Já reparou que se tirar a cama que há anos ficava encostada na parede perto da janela, nos primeiros dias vai por instinto para a direção dela, mas por reflexo mais rápido que o pensamento se dá conta que ela não está mais ali?
O meu vazio é isso... é a cama que mudou de lugar...




No, I can't dance less it's slow or sad
To a song thas´s far less obvious
You using me, do it slowly
Make it last until I have to go