Slideshow

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eu estava aqui o tempo todo só você não viu...

E depois de tudo, eu pude perceber que eu não havia perdido nada, afinal de contas.


Eu encontrei em mim coisas até então desconhecidas, como a minha capacidade de realmente amar outras pessoas, como a força de respeitar minha fraqueza, como eu eventualmente passei a aproveitar - e respeitar muito - meus momentos de solidão.


Eu passei meses procurando em você algo que sempre esteve dentro de mim.
E onde exatamente esteve você nesses meses?
Ah sim, foi havia sumido, como habitualmente fazia.


Até que um dia eu falei tudo que precisava.
Obviamente, não ouvi nem metade do que eu esperava.
Então eu chorei, eu esperei, eu mantinha dentro do meu coração uma estranha esperança que um dia que abrisse minha página de recados e me deparasse com algum recado seu ou que você telefonasse inesperadamente no final da quarta aula ou... que milagrosamente eu te encontrasse em qualquer lugar.
Nada disso aconteceu.


Mas enquanto eu te esperava em vão, comecei a ficar mais quieta, mais pensativa... e isso de vez em quando faz muito bem.
Comecei a ficar mais em casa e experimentar aquela sensação que há meses eu não apreciava: dormir cedo, assistir um filme bom no sábado a noite, ler um livro.
Ouvi músicas diversas, escrevi, coloquei meu sono em dia, assisti o campeonato paulista aos domingos, experimentei a sensação de um quase acidente de carro, notas altas e baixas, frio, perdão... e renovação.


E em cada lágrima, palavra ou reflexão, mais distante de você eu ficava, menos eu precisava.
E fui reencontrando o humor em cada canção desafinada - nunca fui boa cantora-, em cada 
texto que escrevia, em filmes, em mim... em mim mesma? SIM.


Ai eu lembrei que antes de você, muito antes mesmo, eu já era capaz de dar cor a vida das pessoas.
Se eu fui capaz de iluminar a vida de uma pessoa que não podia mais ver com os olhos físicos, quando mais de uma pessoa que tinha olhos bem saudáveis. 
Engraçado, você deu sentido, total ao ditado "o pior cego é o que não quer ver".  
Só você não quis ver o quanto eu gostava de você, me surpreende você ter se surpreendido com as minhas palavras.
Nunca foi segredo... e você nunca olhou de verdade para o que se passava.
Você sequer se importava, talvez por ter a certeza de que eu sempre voltaria, assim que você precisasse.


Mas eu me importei, eu me dediquei e não me arrependo.
Pode parece o maior clichê, mas quando a gente cultiva coisas boas, se sente bem.


Hoje tudo isso passou, eu não tenho mais medo de perder.
Posso afirmar com todas as letras: você não me dói mais, porque sua ausência ou presença já não influenciam.
Guarde com você as palavras de carinho que um dia eu falei, elas representaram perfeitamente um sentimento verdadeiro.


Mas é que hoje eu me dei conta que preciso iluminar outras vidas, dar cores à outras existências e para isso eu preciso de cores também.
E não posso dedicar todos os tons da aquarela de minha vida em uma pessoa que ao menos sabe desenhar e de tão ocupada que está perdendo sua existência em tons cinzas.


Eu preciso ser feliz não para você parar de dizer que o que escrevo é triste, mas para que eu posso restringir tal tristeza apenas aos momentos pertinentes e não sempre.
E tudo que eu jurava que era você que causava, na verdade era tudo o que sou, com ou sem você, apesar de você.
A menina encantadora, intensa e surpreendente sempre foi ela mesma, sempre esteve aqui e sempre estará, por mais altos e baixos que aconteçam. 
A diferença é que ela não estará mais aqui para você.






"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. " [Caio Fernando Abreu]

Um comentário: